Centro de Apoio à Família da ALE-RR, promove interação entre pais e filhos.
Marley Lima
Dar suporte psicológico e emocional à família da pessoa com autismo é uma das principais atribuições do TEAMARR, o Centro de Apoio à Família da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) que, há quase um ano, oferece atendimento especializado gratuito, prestado por uma equipe multidisciplinar.
Centro de Apoio à Família da Assembleia Legislativa de Roraima conta com equipe composta de psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, enfermeiros, nutricionista e educadores físicos
Nonato Sousa
Criado na gestão do presidente da Casa Legislativa, Soldado Sampaio, após uma reestruturação do Poder Legislativo, o TEAMARR faz parte da Superintendência de Programas Especiais.
“Precisamos preparar e conscientizar a sociedade para recepcionar as pessoas com Transtorno do Espectro Autista”, destacou o presidente da ALE-RR, Soldado Sampaio.
Marley Lima.
“O TEAMARR é um programa liderado pela deputada Angela Águida Portella, que tem um carinho e uma dedicação muito forte, que cuida das famílias e procura prestar um serviço de qualidade à sociedade roraimense. É preciso que a gente compreenda. Só uma família que tem um autista na sua casa sabe a dificuldade. Oferecemos atendimento, informações e capacitações àquelas pessoas que procuram o centro, assim como também trazemos a esta Casa o debate e procuramos promover essas causas, em especial, com os demais Poderes e instituições”, ressaltou Sampaio.
A idealizadora do TEAMARR e presidente do Programa de Atendimento Comunitário, deputada Angela Águida Portella, afirmou que uma das premissas da instituição também é disseminar informação.
Idealizadora do TEAMARR do Poder Legislativo, deputada Angela Águida Portella.
Jader Souza
“É bem interessante esse compartilhar e levar informação. A ideia é que a gente possa propagar conhecimentos e, através disso, chamar à reflexão da compreensão, do amor ao próximo, desse engajamento para que as pessoas compreendam e não julguem ou achem que é frescura. Esse é o papel do TEAMARR”, concluiu.
A parlamentar, que também é professora, disse que a falta de inclusão e informação nas escolas para receber alunos especiais, sempre a incomodou.
“Nós recebemos nas escolas os alunos, mas os professores não têm a informação adequada nem suficiente para acolher esse aluno que precisa de uma atenção diferenciada. A questão do acesso ao tratamento, eu vejo sempre as pessoas reclamando que o poder público ainda não alcança a todos, até porque existem algumas condições que começaram, digamos, a aparecer mais, que a população começou a procurar mais”, frisou Portella.
Portella também contou que tem um neto de 3 anos, que foi diagnosticado com autismo antes de completar um ano de vida.
“O que eu passei a entender, a partir dessa experiência, foi que as situações são cotidianas e 24 horas por dia. Elas vão muito além dessa questão do atendimento na hora da terapia. Nós precisamos dar esse suporte de uma forma bem integral, e não só esse apoio emocional ou de conhecimento para os pais. Então, nós criamos o centro. Ele é segmentado em acolhimento, que é esse momento em que a gente recebe e abraça essa família, diz que ela não está só, e que muitas pessoas passam por isso. Ela vai conhecer outras famílias para trocar experiências e, a partir daí, irá, pelo menos, compreender como é que funciona e o que que se pode fazer para amenizar. Ali é criada uma rede de troca de experiência de uma família com a outra”, detalhou.
O coordenador do órgão, Ednaldo Coelho, reforçou que o centro, além do atendimento ao autista, cuida de sua família.
Professor Ednaldo Coelho, coordenador do TEAMARR.
Eduardo Andrade
“A gente dá oficinas e palestras a respeito de como é que se acolhem parentes que, em muitos casos, são carentes, precisam de todo o cuidado, que às vezes estão em situação de vulnerabilidade social e financeira. Nós damos também um apoio psicológico. Uma criança com autismo quando adentra no seio familiar, desestrutura a família como um todo. Então, pode ser o pai, a mãe, o irmão e o próprio autista que precisam do apoio psicológico”, destacou.
O TEAMARR fica na Rua Jaqueira, bairro Caçari, e atende de segunda a sexta-feira, em horário comercial, além de ofertar cursos, apoio psicológico, nutricional e educadores físicos, e trabalhar com grupos terapêuticos de jovens e de pais e mães de autistas.
Sede do TEAMARR, projeto da Assembleia Legislativa de Roraima.
Nonato Sousa
Novos centros
A sede do TEAMARR está localizada em Boa Vista devido à carência de profissionais especializados e disponíveis no Estado. Porém, o coordenador adiantou que a ideia da Assembleia Legislativa é criar células do centro em outros municípios para facilitar o atendimento às famílias que precisam e não podem se deslocar até a capital.
“São unidades que irão fazer um trabalho começando pela triagem e pela investigação. Aqueles casos que estão ‘saltando aos olhos’, a gente vai encaminhar para o TEAMARR. Lá, poderemos fazer um planejamento de atendimento mais detalhado”, frisou Ednaldo.
Ser mãe de uma criança especial não é uma tarefa fácil, ainda mais quando ela necessita de acompanhamento psicológico e terapias ocupacionais. É assim que a assistente administrativa Rosilda Penha de Souza, moradora de Iracema, tem vivido há seis anos, após o filho Diogo Vaz, de 8, ser diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Agora, o pequeno também está em processo de reavaliação para o autismo no TEAMARR.
Rosilda Penha de Souza e o filho, Diogo Vaz, de 8 anos.
Marley Lima
Rosilda conta que os primeiros sinais referentes aos transtornos percebidos em Diogo desde bebê foram agitação e recusa a certos alimentos.
“Ele era muito agitado e inquieto. Tinha alguns alimentos que recusava, não aceitava. Quando a gente ia à igreja, ele não suportava o barulho da aparelhagem de som. Então, por aí começamos a perceber que tinha algo de diferente”, relatou.
Brincadeiras e atividades entre mãe e filho estimulam o desenvolvimento da criança.
Marley Lima
Ainda segundo ela, os picos de agitação e até de comportamento agressivo aumentaram conforme o menino foi crescendo.
“Ele também não tinha noção de perigo. Fazia muita bagunça. Quando brincava, se machucava e, na época, eu via que aquilo era diferente das outras crianças, só que eu não sabia o que poderia ser, como lidar e como tratar”, relembrou.
Conforme ela, Diogo precisa de uma reavaliação para ter o diagnóstico fechado e assim começar o tratamento. No entanto, os custos são altos e Rosilda está afastada do trabalho há três anos para cuidar do filho.
“Para a gente conseguir consulta particular, é muito caro, e a rede pública é deficiente de profissionais”, acrescentou.
O primeiro contato que a família terá com a unidade será por meio do serviço social. Conforme Caroline Martins, assistente social, a princípio são feitas entrevistas para descobrir a necessidade de cada família.
“A partir dessa conversa, nós descobrimos o que a família quer e, então, auxiliamos na questão do direito dela. Se for para a investigação, é feita lá mesmo com psicopedagogo, psicólogo e nutricionista, se houver seletividade alimentar. Nesse processo, são feitas oito sessões, para poder elaborar o relatório. Se a criança já chegar com o laudo fechado, a gente analisa se é um autista nível suporte muito alto, com o qual não iremos conseguir trabalhar pela falta de terapia, e encaminhamos à nossa rede de apoio”, informou.
Em quase um ano de implantação, TEAMARR atendeu mais de 800 famílias
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