Foram denunciados o homem que se passou por médico e fez o procedimento, duas técnicas em enfermagem e a dona da casa onde funcionava a clínica clandestina. Alzenir Vitor da Silva, de 45 anos, morreu em Boa Vista
Reprodução/Facebook
O Ministério Público de Roraima (MPRR) denunciou quatro pessoas pela morte de Alzenir Vitor da Silva, de 45 anos, durante uma cirurgia plástica em uma clínica clandestina, no bairro Caimbé, zona Oeste de Boa Vista. A vítima morreu no dia 2 de agosto durante uma lipoaspiração.
Foram denunciados pelo MPRR pelo crimes de homicídio mediante motivo torpe, associação criminosa e exercício ilegal da medicina os investigados:
Juan Pedro Hernandez Tovar, de 34 anos, que se passou por médico e fez o procedimento na vítima;
Zelia Pereira da Silva, de 46 anos, dona da casa onde funcionava a clínica clandestina;
Marilene da Conceição Sousa, de 56 anos, técnica em enfermagem que auxiliou no procedimento; e
Lidiane Oliveira Hernandez, de 37 anos, esposa de Juan e técnica em enfermagem que também ajudou auxiliou no procedimento.
A defesa de Zélia informou ao g1 que recebeu com surpresa a ação do MPRR e que ela “em momento algum participou diretamente do aludido fato ou mesmo colaborou para o fatídico desfecho (leia a nota na íntegra abaixo).”
O advogado de Juan e Lidiane informou que a defesa ainda não foi habilitada na ação penal e que serão tomadas as providências cabíveis, “sendo uma acusação sem provar o dolo, não podendo ser procedente”. A reportagem tenta contato com a defesa de Marilene.
De acordo com a denúncia protocolada pela Promotoria de Justiça do Tribunal do Júri, os investigados Juan Pedro Hernandez Tovar, Zelia Pereira da Silva, Lidiane Oliveira Hernandez e Marilene da Conceição Sousa, fizeram, de forma irregular e sem formação adequada, a lipoaspiração na vítima, “com aplicação de substâncias químicas não identificadas”. O fato ocorreu no dia 2 de agosto deste ano.
Conforme as investigações, durante as tratativas para o procedimento, Juan Pedro afirmou para a vítima ser médico e ter formação para realização de cirurgias estéticas, como lipoaspiração, às quais eram realizadas na residência de Zelia Pereira.
“Durante o procedimento, realizado por Juan Pedro com o apoio de Zelia, Lidiane e Marilene, que atuavam como instrumentadoras, a vítima passou mal”, detalhou o MPRR.
Ainda segundo a ação, os denunciados alegaram que a mulher estava “possuída por espíritos” e somente após uma tentativa de “libertação espiritual” os envolvidos se convenceram que Alzenir precisava de atendimento médico e a levaram até o Hospital Geral de Roraima (HGR).
A vítima foi entregue à equipe de plantão desacordada e, momentos após sua entrada no hospital, foi declarada morta pela equipe médica.
O promotor de Justiça, Joaquim Eduardo dos Santos, autor da ação penal, afirma que o grupo estava interessado na vantagem financeira, sem se preocupar com a saúde da vítima.
“O local era insalubre e não tinha sequer equipamentos médicos necessários, como equipamento de monitoramento dos sinais vitais, além de os envolvidos não terem a capacitação necessária para este procedimento. Isso é muito grave porque uma pessoa perdeu a vida devido à atuação clandestina do grupo”, ressaltou o Promotor de Justiça.
Prisão preventiva
No último sábado, 30 de setembro, a Polícia Civil cumpriu três mandados de prisão preventiva contra Juan Pedro Hernandez Tovar, Zelia Pereira da Silva, Lidiane Oliveira Hernandez, além de cinco mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos suspeitos.
A operação St. Thomas, como foi batizada, teve parecer favorável do MPRR. Medida adotada após analisar os autos apresentados pela Polícia Civil, que realizou diligências e coleta de depoimentos dos denunciados e de testemunhas.
Os quatro envolvidos foram denunciados por homicídio mediante motivo torpe, associação criminosa e exercício ilegal da medicina.
Nota da defesa de Zélia Pereira
O Advogado Samuel Almeida, que patrocina a defesa de Zelia Pereira da Silva no caso em que é apurada a responsabilidade pelo trágico óbito de Alzenir Vitor da Silva esclarece que recebeu com surpresa a decisão judicial de prisão preventiva e o recebimento da denúncia por homicídio qualificado, associação criminosa e exercício ilegal da medicina, posto que em momento algum participou diretamente do aludido fato ou mesmo colaborou para o fatídico desfecho.
Importante apontar que a defesa já manejou o pedido cabível para que Zélia possa responder ao processo em liberdade justamente para que possa continuar colaborando com a justiça na busca pela verdade dos fatos, pois desde que tomou conhecimento do ocorrido, se apresentou voluntariamente por mais de uma vez e sempre se manteve colaborativa com a instrução processual, tudo com o objetivo de garantir que de forma célere a justiça seja feita e sua inocência seja comprovada.
Nota defesa Juan e Lidiane
Que o senhor Juan e Lidiane está sendo denunciado, a defesa ainda não foi habilitado na ação penal, no processo de prisão preventiva, nem no processo de busca e apreensão, acontece que meus clientes nunca foram foragidos, se apresentaram espontaneamente na DGH no momento do IPL em apuração, em momento algum o senhor Juan agiu com dolo, se aconteceu o fato, não foi a intenção do Juan, prova ser médica, seu diploma está juntado nós autos. Esta acusação não procede, mesmo sem ver o teor, com relação a Lidiane a mesma não participou dos procedimentos, por ser esposa está sendo acusada injustamente, tudo serão provado no decorrer da instrução processual, pois os dois poderão responder em liberdade, inclusive Lidiane tem todos os requisitos de ser beneficiada pela prisão domiciliar por ter filha de 4 anos de idade e outros filhos menores, após a justiça liberar os autos para os advogados ter acesso, serão tomadas as providências cabíveis, sendo uma acusação sem provar o dolo, não podendo ser procedente.
MP denuncia quatro investigados por homicídio de mulher durante lipoaspiração em clínica clandestina em Boa Vista
Adicionar aos favoritos o Link permanente.