Posto de saúde tem nova estrutura e volta a atender indígenas seis meses após ser incendiada por garimpeiros na Terra Yanomami


Unidade Básica de Saúde Indígena de Homoxi, a única da região, estava desativada desde 2021 quando começou a ser alvo de garimpeiros ilegais. Em 2022, ela foi incendiada pelos invasores. Unidade Básica de Saúde Indígena de Homoxi na Terra Indígena Yanomami.
Júnior Hekurari Yanomami/Condisi-YY/Divulgação
A Unidade Básica de Saúde Indígena de Homoxi (UBSI), na região de Homoxi, na Terra Indígena Yanomami, ganhou uma nova estrutura e voltou a atender pacientes da região seis meses depois de ter sido incendiada por garimpeiros ilegais. A UBSI estava desativada desde 2021, quando começou a ser alvo de ataques.
A unidade foi incendiada em dezembro do ano passado. Ela é a única da região e atende cerca de 350 indígenas, distribuídos entre as comunidades de Aphipiú, Narahipiú, Turahipiu, Xereu I e Xereu 2.
A estrutura em Homoxi, construída pelo Ministério da Defesa, é provisória e conta com barracas e um sistema de água. Segundo o Ministério da Saúde, uma equipe também está avaliando a estrutura antiga para realizar reforma.
A equipe médica na unidade é formada por um enfermeiro, um técnico de enfermagem e um agente de combate a endemias, além do pessoal da obra de engenharia. Um sistema de alternância de médicos a cada 15 dias deve ser implantado para garantir atendimento constante na região.
Nova estrutura de saúde da Unidade Básica de Saúde Indígena de Homoxi.
Divulgação/Comando Conjunto Ágata Fronteira Norte
Segundo o chefe do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari, há muitos casos de malária na região, principalmente em crianças, e ao menos 42 pessoas testaram positivo para a doença. Além disso, há indígenas com desnutrição.
“Já estamos comunicando para reforçar os profissionais de saúde nessas comunidades, mandar nutricionistas. Essa semana vão reforçar [a equipe médica] lá. O Exército já está no Homoxi e a Saúde também”, explicou.
A reabertura da unidade ocorre com o apoio do Comando Conjunto Ágata Fronteira Norte, das Forças Armadas, o Ibama, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) e com os Órgãos de Segurança Pública (OSP).
Em nota enviada ao g1, o Comando Conjunto informou que militares estão sendo enviados ao local para readequar a área e restabelecer a segurança, “afim de possibilitar o retorno das atividades de ajuda humanitária às comunidades indígenas próximas”.
À época do incêndio, associações indígenas afirmaram que ele havia sido causado por garimpeiros ilegais em retaliação à operação Guardiões do Bioma, do Ibama, com participação da Polícia Federal, que combateu a extração ilegal de minérios e outros crimes ambientais na Terra Indígena.
Nove meses antes de ser incendiada, em março do ano passado, a unidade saúde já estava com a estrutura ameaçada devido à proximidade de uma cratera a céu aberto. O buraco foi causado pelo avanço da atividade garimpeira (veja na imagem abaixo).
Posto de saúde próximo ao garimpo ilegal em foto publicada por Dario Kopenawa
Reprodução/Instagram/Dario Kopenawa
No local também havia uma pista de terra aberta no meio da floresta, que era usada por aviões que traziam profissionais da saúde. Na época, a pista havia sido tomada pelos valores e estava sendo utilizada por cerca de 12 aviões e três helicópteros de garimpeiros.
“A pista foi tomada e a gente está retomando [o local] desde semana passada. Por isso eu fui acompanhar a missão, o exército está lá, a saúde está lá, mas é um caso muito especial, né? Porque o povo lá sofreu bastante e isso merece uma atenção maior, muita gente está com malária, é muito triste o que fizeram lá. Andando na destruição. O bem viver dos Yanomami está destruído, eles nem podem pescar porque lá está cheio de lama, tem risco de andar e se afundar”, ressaltou Hekurari.
O Ministério da Saúde, responsável pela Sesai, informou que está atuando em conjunto para retomar e fortificar a região de Homoxi. Segundo o órgão, a intensa presença de garimpeiros ocasionou a dispersão dos indígenas locais que agora estão retornando para a região.
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