Secretaria de Justiça muda formato da Divisão de Inteligência e Captura e substitui agentes com anos de atuação em Roraima


Mudanças fazem parte de um ‘novo modelo administrativo e de gestão’, afirma a Sejuc. Chefe da unidade que atuava há 16 anos pediu exoneração. Por meio da Dicap, foragidos de alta periculosidade, chefes de facção e até procurados pela Interpol foram presos. Dicap atuava como suporte à PM, Polícia Civil e PF para localizar foragidos
Dicap/Divulgação/Arquivo
A Secretaria de Justiça e Cidadania mudou a forma de atuação da Divisão de Inteligência e Captura (Dicap), setor que auxiliava de forma técnica todas as áreas da Segurança Pública de Roraima, como Polícia Militar, Polícia Civil, e até a Polícia Federal.
Com o novo modelo, agentes que atuavam há décadas na unidade foram removidos e transferidos para outros setores, como unidades prisionais – até então, o setor era integrado por policiais militares, civis e penais com especializados em inteligência penitenciária e de segurança. Agora, o trabalho deve ser feito por policiais penais.
O número da Divisão, que funcionava há mais uma década como canal para recebimento de denúncia da população, também mudou. O novo contato é 95 99113 8853, que segundo o governo, também deve funcionar ininterruptamente, em regime de plantão 24h.
Por meio do serviço de inteligência, a Dicap contribuiu para a prisão de mais 5 mil foragidos, incluindo criminosos de alta periculosidade, procurados pela Interpol, chefes de facções criminosas e até de suspeitos em crimes relacionados à Terra Indígena Yanomami, como o casal investigado pela PF por suspeita de exploração sexual de mulheres e meninas no território.
Como justificativa, a Sejuc informou que o a unidade “está passando por um novo modelo administrativo e de gestão”, sem detalhar qual será a nova forma de trabalho.
“Dessa forma, as atividades da Divisão de Segurança e Captura permanecem, e serão voltadas às atribuições da Polícia Penal”, informou a Secretaria, acrescentando que “todas as medidas adotadas visam o aprimoramento das atividades e o fortalecimento da Polícia Penal, bem como otimização da estrutura física e de pessoal, não causando prejuízo ao sistema de segurança e nem à sociedade.”
Com as mudanças, o tenente da Polícia Militar que atuava há 16 anos na Dicap, Roney Cruz, entregou o cargo de chefe da unidade. Em um texto divulgado nas redes sociais, ele afirmou que decidiu pedir exoneração por “não concordar nas condutas administrativas que vem sendo adotadas com os servidores do sistema prisional.”
“Em virtude de ser transparente, e ser sempre subordinado aos meus superiores, busquei sempre atuar de forma harmônica, no sentido de contribuir, jamais ser empecilho para qualquer gestor, trabalhando sempre de maneira coordenada. Nesse sentido, solicitei na manhã de hoje minha exoneração, por divergência de opiniões e não concordar nas condutas administrativas que vem sendo adotadas com os servidores do sistema prisional, que estão LIMITADAS na busca dos resultados e não por falta de competência mas por outros motivos”, disse ele.
Além da busca por foragidos do sistema prisional, a Dicap também atuava em trabalhos de investigações dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo e em outras unidades prisionais no período em que as unidades registravam constantes fugas e massacres causados por brigas entre facções criminosas.

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