‘Gyuri’: documentário sobre a trajetória de fotógrafa na Terra Yanomami é exibido em Boa Vista


Filme revela a história da fotógrafa suíça Claudia Andujar, de 90 anos, com os Yanomami. Exibição ocorre às 19h dessa quarta-feira (24) no Cine Sesc, localizado no bairro Mecejana. Fotógrafa Claudia Andujar e líder indígena Davi Kopenawa em cena de ‘Gyuri’.
Descoloniza Filmes/Divulgação
O documentário “Gyuri”, que narra a trajetória da fotógrafa suíça Claudia Andujar, de 90 anos, com os Yanomami, será exibido nesta quarta-feira (24), em Boa Vista. O filme é reproduzido em uma sessão especial, no Cine Sesc, em celebração aos 31 anos de demarcação e homologação da Terra Yanomami, maior reserva indígena do Brasil.
A fotógrafa, que é judia e sobrevivente da Segunda Guerra Mundial, já atravessou a guerra na Hungria, fugiu da perseguição nazista em Viena e, depois de se exilar no Brasil, foi acolhida pelos Yanomami, a quem dedicou grande parte de sua vida.
A ligação entre a artista e a população índigena – que têm em comum a luta pela sobrevivência – está presente no documentário, primeiro longa-metragem da diretora pernambucana Mariana Lacerda.
“Optei por viajar com o mínimo de equipamento possível e uma equipe que me fosse muito familiar, porque queria causar o menor impacto na aldeia e criar um ambiente de afeto entre todos. O filme tem o menino Gyuri enquanto espírito-guia, para contar como Claudia viu os nazistas ocuparem sua cidade e se despediu para sempre, aos 13 anos, de seu pai, deportado para Auschwitz. Seu exílio a trouxe ao Brasil, onde abraçou a causa Yanomami e fez deste o seu povo, sua casa”, conta a diretora.
O filme, exibido no 25º É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, traz outros personagens históricos da luta pela conquista do maior território indígena do Brasil: o xamã e principal liderança indígena do povo Yanomami, Davi Kopenawa e o ativista Carlo Zacquini, missionário católico, defensor dos povos originários.
No filme, Kopenawa relata a admiração que sempre nutriu pela capacidade de Claudia em compreender a alma do outro. Em contraposição, critica o governo brasileiro pelo descaso e abandono da Terra Yanomami (veja a sinopse mais abaixo).
Além do documentário, o público vai poder acompanhar um bate-papo com a diretora Mariana Lacerda, o filósofo Peter Pál Pelbart e o líder indígena Ênio Mayanawa Yanomami, diretor em saúde da Hutukara Associação Yanomami (HAY).
Cena do documentário ‘Gyuri’.
Descoloniza Filmes/Divulgação
O filme conta com apoio da HAY, Instituto Socioambiental (ISA) e Galeria Vermelho, com recursos do Rumos Itaú Cultural, do Prodecine e do Funcultura Audiovisual. O documentário, que tem 1h30 de duração, é produzido pela Jaraguá Produções e Bebinho Salgado 45.
O filme também ganhará uma sessão especial em Manaus, no dia 26 de maio, e São Gabriel da Cachoeira, no dia 30 de maio, ambos no Amazonas. A estreia nos cinemas está marcada para 7 de julho com distribuição da Descoloniza Filmes.
Sinopse
Uma linha geopolítica improvável entre a pequena aldeia húngara de Nagyvárad e a Terra Indígena Yanomami, na Amazônia brasileira. Judia, sobrevivente da Segunda Guerra, Claudia Andujar exilou-se no Brasil e dedicou a vida à salvaguarda dos povos Yanomami.
Seu valioso acervo, sua militância incansável, seu passado de guerra e a vulnerabilidade atual dos indígenas são revistos por meio de diálogos de Andujar com o xamã Davi Kopenawa e o ativista Carlo Zacquini, com a interlocução do filósofo húngaro Peter Pál Pelbart.
Terra Yanomami
Crianças brincando em comunidade indígena da Terra Yanomami, em Roraima.
Descoloniza Filmes/Divulgação
Na próxima quinta-feira (25), a Terra Yanomami completa 31 anos de homologação em meio a uma crise sanitária e humanitária sem precedentes. O maior território indígena do país em extensão territorial é alvo de garimpeiros ilegais há décadas, sofrendo com a devastação ambiental, surtos de doenças e violência contra a população.
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Desde o dia 20 de janeiro, a Terra Yanomami está em emergência de saúde pública. Desde então, o governo Federal atua para frear a crise com envio de profissionais de saúde, cestas básicas e desintrusão de garimpeiros do território – este último tem como linha de frente o Ibama, Polícia Federal, Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Serviço
Exibição do Documentário “Gyuri”.
QUANDO: quarta-feira (24), às 19h;
QUANTO: gratuito;
ONDE: Cine Sesc do bairro Mecejana, na zona Oeste de Boa Vista.
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