Novo ataque, o quinto em três meses de operação, ocorreu na barreira de fiscalização montada na comunidade Palimiú. Nenhum agente se feriu. Garimpeiros armados destroem base de fiscalização do Ibama na Terra Yanomami
Garimpeiros armados voltaram a atacar a base de fiscalização montada no rio Uraricoera para impedir o acesso de invasores à Terra Yanomami, em Roraima. Desta vez, na madrugada dessa segunda-feira (15), criminosos abriram fogo contra agentes do Ibama e Força Nacional que atuam em comunidade indígena de Palimiú e conseguiram destruir a estrutura que dava suporte ao cabo de aço instalado no meio do rio. Nenhum agente se feriu.
Agentes de fiscalização relataram que o novo ataque ocorreu em dois momentos: primeiro, por volta de 1h, criminosos armados furaram o bloqueio do cabo de aço. Eles estavam a bordo de quatro barcos que seguiam rumo a garimpos e abriram fogo contra o ponto de fiscalização. Houve troca de tiros entre agentes da Força Nacional, que atuam em apoio ao Ibama, e os criminosos por quase 10 minutos.
Os invasores conseguiram furar o bloqueio e seguir rumo aos garimpos levando suprimentos. Depois, por volta das 4h, o bando voltou em maior número: eles estavam em 13 embarcações e conseguiram passar pela barreira já destruída (Veja acima relato de um agente que presenciou o ataque).
Durante o tiroteio, os bandidos atiraram nos barcos do Ibama que davam suporte ao cabo de aço. Pela manhã, os servidores recolheram as embarcações e as colocaram na margem do rio. No entanto, não havia mais estrutura no local até a tarde dessa segunda.
“O cabo foi rompido pela hélice, provavelmente. Uma parte está aqui, na nossa catraca, e a outra se encontra lá do outro lado do rio, na balsa. É isso: hoje, nós não temos barreira em Palimiú”, disse um agente que atua na região (assista no vídeo acima).
Cabo de aço foi rompido pelos invasores na Terra Yanomami
Arquivo pessoal
A barreira de fiscalização em Palimiú foi montada pelo Ibama desde o início da operação para retirada dos invasores. A estrutura fica na margem do rio Uraricoera, a principal via fluvial usada pelos invasores para acessar o território, e é considerado um ponto estratégico para as ações mais ofensivas. O local é usado também como base de apoio para agentes que atuam dentro do território.
O cabo de aço, agora destruído, havia sido instalado no dia 20 de fevereiro. A estrutura tinha 240 metros de extensão e ficava de uma ponta a outra do Uraricoera. Além do Ibama e Força Nacional, também atuam nesta região agentes da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e Fundação Nacional dos Povos Indígenas.
Com o ataque dessa segunda, somam-se cinco investidas de criminosos contra servidores que atuam para retirar garimpeiros do território que enfrenta uma crise sanitária de saúde sem precedentes por causa da destruição ambiental causada pela exploração ilegal de minérios – principalmente ouro e cassiterita.
A suspeita de agentes que atuam na operação é que os criminosos armados do ataque dessa segunda sejam integrantes do mesmo bando que atacou indígenas da comunidade Uxiu no dia 30 de abril. À época, um Yanomami morreu com um tiro na cabeça e outros dois foram baleados.
Depois do ataque a Uxiu, nove garimpeiros foram encontrados mortos – entre eles, uma mulher. A PF acredita que indígenas revidaram o ataque dos invasores. Desde então, o clima é considerado tenso na região.
Em uma semana – de 30 abril a 6 de maio – a Terra Yanomami registrou 14 mortes violentas: a do indígena Ilson Xiriana, de 36 anos, que levou um tiro na cabeça; dos quatro garimpeiros que morreram em troca de tiros com a polícia; e dos nove garimpeiros encontrados mortos na região de Uxiu.
Desde o ataque a Uxiu, o governo federal disse que iria reforçar a segurança no território. Na última quarta-feira (10), o Ministério da Justiça divulgou que o efetivo era de 475 policiais da Força Nacional, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal em atuação na TI Yanomami. Além disso, dois delegados da PF foram destinados para a força-tarefa.
“O quantitativo é dinâmico e vem sendo readequado conforme necessidade da missão e agenda de ações programadas e coordenadas pela Polícia Federal, no âmbito da operação Libertação”, disse o Ministério.
Atualmente, segundo o governo “todo o efetivo da Força Nacional em Roraima segue empenhado, operando em várias aldeias na TIY, reforçando os locais de atuação e acompanhando agentes da PF e do IBAMA nas incursões”.
Desde fevereiro, após o governo federal decretar calamidade na saúde Yanomami, uma força-tarefa que inclui o Ibama, PRF, Força Nacional, PF e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), atua na Terra Indígena Yanomami para retirar garimpeiros que ainda atuam no território em busca de minérios como ouro e cassiterita.
A operação ocorre com foco na destruição de toda estrutura usada pelos garimpeiros e para interromper o envio de suprimentos para o garimpo e o possível escoamento do minério extraído ilegalmente.
A meta é retirar todos os invasores e identificar os financiadores da atividade ilegal que causa destruição sem precedentes ao meio ambiente e à vida dos Yanomami.
Garimpeiros armados voltam a atacar e destroem barreira de fiscalização do Ibama na Terra Yanomami
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