Julieta Hernández, conhecida como Palhaça Jujuba, chegou ao Brasil em 2015 e retornava para a Venezuela quando foi assassinada. Artistas migrantes em Roraima realizam homenagens. Mural em homenagem a Julieta Hernández foi feito por artistas migrantes nesse domingo (7), em Boa Vista, RR.
Arquivo Pessoal
Com um mural repleto de cores, luzes, frases e o desenho de uma bicicleta, a artista venezuelana Julieta Ines Hernández Martinez, 38 anos, encontrada morta no interior do Amazonas, foi homenageada por artistas migrantes em Roraima nesse domingo (7). O evento reuniu músicos, poetas e pintores para celebrar a artista conhecida por levar alegria às pessoas.
Conhecida como “Palhaça Jujuba”, Julieta estava no Brasil há 8 anos e viajava de bicicleta em direção aos país natal quando foi assassinada em Presidente Figueiredo, no Amazonas, no dia 23 de dezembro. Um homem e uma mulher foram presos suspeitos de cometer o crime, que repercutiu nacionalmente.
A parede do Instituto Biriba, localizado na rua Sócrates Peixoto, no bairro Jardim Floresta, em Boa Vista, foi escolhida como base para a homenagem dos conterrâneos. Julieta também foi homenageada por meio de músicas e poesias.
“Que o medo não apague a curiosidade, que a brincadeira seja sempre nosso pão de cada dia” frase dita por Julieta e escrita no mural.
Arquivo Pessoal
De acordo com uma das organizadoras do evento, Zoe Dutka, a homenagem aconteceu de forma natural, um desejo de todos os artistas migrantes que vivem na capital, por onde a artista passaria. Alguns artistas se reuniram para fazer uma homenagem e decidiram fazer um mural que ficasse visível.
“Foi quase orgânico no jeito que todos os artistas migrantes da cidade entraram em contato, e sabemos que juntos somos mais e estamos sempre nos apoiando […] decidimos por esse bairro por ser um bairro familiar, tem luz, ser mais tranquilo e bonito” comentou Zoe Dutka.
Ao todo cerca de 100 pessoas compareceram ao evento e cerca de 30 artistas ajudaram a organizar a confecção do mural. Todos que estavam no evento puderam ajudar a pintar o mural e homenagear a artista.
“Foi isso, tentando comemorar tanto a vida dela e alegria dela, a energia dela que era uma pessoa super generosa, de um espírito muito bondoso e também muito corajosa. E ao mesmo tempo queríamos que fosse um lugar de luto, que as pessoas pudessem chorar e sentir o que tinha que sentir”, disse Zoe.
Crianças em frente ao mural feito em homenagem a artista venezuelana Julieta Hernández.
Arquivo Pessoal
O artista venezuelano Luis Hernandez foi um dos que participou da ação. A ideia, segundo ele, foi fazer o mural para deixar a lembrança física da artista venezuelana, mas algo que também fosse visível.
“A primeira ideia era que fosse visível, visibilidade. Que fique nos olhos, fixo, materializado, não como uma notícia espalhando numa nuvem na internet, uma trágica notícia” ressaltou o artista.
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As tintas usadas na ação foram disponibilizadas por ele e uma amiga, que lamentaram só ter feito a homenagem após a morte da artista. Com as tintas, as pessoas puderam materializar a memória de Julieta Hernández, da “Palhaça Jujuba”, da alegria dela e até a bicicleta de Julieta, que era cicloviajante.
“Isso é bonito me deixa feliz e para mim fez um sucesso grande […] Infelizmente, novamente para um artista morto, o artista morto que sempre é celebrado, que sempre é comemorado, homenageado e vivo parece que é um pecado fazer uma comemoração” lamentou Luís.
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Artistas migrantes reunidos em frente ao mural de homenagem a Julieta Hernández, em Boa Vista, RR.
Arquivo Pessoal
Julieta Hernández
Julieta Ines Hernández Martinez, 38 anos, conhecida como “Palhaça Jujuba”, viajava pelo Brasil em uma bicicleta e tinha decidido voltar ao país de origem para rever a mãe. O Amazonas estava na rota da artista venezuelana, encontrada morta em Presidente Figueiredo, no interior do estado, após ficar 14 dias desaparecida.
Julieta já estava no Brasil há 8 anos. Ela fazia parte grupo do “Pé Vermêi”, que conta com artistas e cicloviajantes que pedalam pelo país.
Desde 2019, quando decidiu viajar pedalando pelo país, a artista conheceu mais de nove estados brasileiros. A venezuelana, que fazia apresentações circenses, também trabalhava como bonequeira, confeccionando réplicas de pessoas em miniatura.
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Entenda o crime
Julieta desapareceu em Presidente Figueiredo, cidade do Amazonas que fica a 126,8 km da capital Manaus pela BR-174. O trajeto de carro entre os dois municípios dura, em média, 2 horas.
A viagem era acompanhada pelos membros do grupo “Pé Vermêi”. Os cicloviajantes costumam informar os demais membros sobre onde estão antes de ficarem sem sinal de telefone e internet.
A última informação recebida era que Julieta partiria rumo à Rorainópolis, município de Roraima que faz divida com o Amazonas. A artista, no entanto, não chegou ao estado. O último contato recebido pelos membros do grupo aconteceu no dia 23 de dezembro de 2023, dia em que o crime aconteceu.
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Reprodução/Redes Sociais
Na sexta-feira (5), o corpo dela foi encontrado em uma área de mata de Presidente Figueiredo, mas a polícia só confirmou que o corpo era da artista no dia seguinte, no sábado (6). No mesmo dia, um casal, que não teve os nomes divulgados, foi preso pela Polícia Civil como suspeito do crime.
Na ocasião, o corpo da artista e partes da bicicleta que ela utilizava foram encontrados nas proximidades de um refúgio onde a artista estava hospedada.
O delegado responsável pelo caso, Valdinei Silva, contou que os suspeitos confessaram o crime e que, inicialmente, devem responder por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
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