Empresa responsável por estrutura e até oxigênio de maternidade cobra do governo de Roraima oito meses de pagamento em atraso


Empresa Ágora Engenharia LTDA alega que necessita receber para continuar prestando serviço na maior maternidade do estado. Secretaria de Saúde (Sesau) diz que “está fazendo um levantamento criterioso sobre os débitos citados junto à empresa”. Hospital materno Nossa Senhora de Nazareth provisório
Ronny Alcantara/Rede Amazônica
A empresa responsável pela estrutura e até oxigênio do local onde atualmente funciona a Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, a maior de Roraima, afirma que não recebe do governo do estado há oito meses. Sem ter as faturas pagas, a Ágora Engenharia LTDA alerta para o risco de não conseguir manter o funcionamento do espaço.
Ao g1, a assessora institucional da empresa, Andrea Pereira, informou que para seguir funcionando, a unidade precisa receber manutenção todos os dias. Sem o pagamento por parte da Secretaria estadual de Saúde (Sesau), com quem foi firmado o contrato, a empresa tem arcado com as despesas.
A Ágora Engenharia LTDA não quis informar à reportagem o valor que o governo tem com a empresa, mas, o g1 e Rede Amazônica apuraram que o montante da dívida ultrapassa os R$ 8 milhões.
Por meio de nota, a Sesau informou que “está fazendo um levantamento criterioso sobre os débitos citados junto à empresa Ágora e reforça que o Governo do Estado reafirma seu compromisso de respeito a servidores, fornecedores e a sociedade como um todo”, e citou “dificuldades e instabilidades econômicas vividas pelo país”.
“Essa situação é injusta e insustentável e infelizmente, se não for resolvida, poderá comprometer a qualidade dos serviços e reduzir as atividades prestadas à maternidade, o que não queremos que aconteça”, afirma a assessora.
O prédio da maternidade Nossa Senhora de Nazareth passa por reformas desde junho de 2021. Desde então, as grávidas e bebês são atendidos no espaço onde antes era o antigo hospital de campanha para pacientes com Covid. O local, que era para ser temporário, fica no bairro 13 de Setembro, zona Sul de Boa Vista .
Instalação elétrica, as tendas de lona, rede hidráulica, esgoto, internet, sistema de refrigeração, grupos geradores, piso e toda estrutura dos 19 mil metros é de responsabilidade da Ágora.
“Para que tudo funcione com excelência, é realizada manutenção 24 horas por dia, todos os dias da semana. A manutenção acontece na rede de gases, elétrica, hidráulica, esgoto, internet, rede lógica, sistema de refrigeração, grupos geradores, sistema combate incêndio, piso e lonas, dentre tantos outros itens menores e importantes para o funcionamento da unidade”, disse a assessora institucional.
Andrea Pereira afirma que a empresa se mantém em funcionamento porque entende a importância e necessidade do trabalho feito na maternidade. O acordo firmado entre a empresa e a Sesau prevê o pagamento de faturas mensais no valor de pouco mais de R$ 1 milhão.
“Estamos dispostos a continuar prestando os serviços para comunidade enquanto for necessário, contudo, não estamos recebendo da Sesau o pagamento das nossas faturas e já são oito meses de atraso. Mesmo assim, a Ágora não deixou de prestar seus serviços, mantendo fornecedores e folha de pagamento em dia”.
Maternidade provisória é feita por lonas e tendas
Ronny Alcantara/Rede Amazônica
A empresa teme por um desastre humanitário caso as dívidas não sejam quitadas. A assessora afirma que ano passado foram feitos cerca de 8,3 mil partos, além de curetagens, consultas, vacinas, testes pré e pós-natal, além de atendimentos diversos.
Além disso, a empresa relata a preocupação com os pacientes quando a maternidade voltar a funcionar no local fixo. A unidade provisória tem 30% a mais da capacidade do novo local.
Problemas na ‘maternidade de lona’
A estrutura das tendas da maternidade temporária é chamada pela população local de “maternidade de lona”. Só no início deste ano, o número de mortes de bebês já ultrapassou todo de 2022: foram 28 óbitos em 37 dias – até 7 de fevereiro, enquanto nos 12 meses anteriores, foram 20 óbitos.
A promessa do governador Antonio Denarium (PP) era entregar a reforma do prédio onde deveria ser a maternidade em janeiro deste ano, o que não ocorreu.
Em fevereiro, uma médica da unidade relatou em ofício a falta de medicamentos essenciais para tratamento de bebês, o que poderia causar infecção generalizada causada por fungos, a chamada sepse fúngica.
Ela chegou a classificar a situação como “caótica” e disse que na ausência dos medicamentos comprometia a “qualidade da assistência médica, elevando o tempo de internação destes pacientes, aumentando a resistência bacteriana, culminando com o aumento do número de óbitos na Unidade”.
Ainda em fevereiro, o vídeo de uma grávida chorando em desespero implorando por atendimento ganhou repercussão nas redes sociais. As imagens mostram ela deitada no chão gritando para que tirem o bebê. As imagens são fortes.
Grávida grita e chora em desespero no chão por atendimento em maternidade de RR
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