Empresários de Roraima se reúnem com governo da Guiana em busca de maneiras para investir no país


Encontro de quatro dias ocorreu em Georgetown, a capital da Guiana, com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Georgetown, a capital da Guiana, é vista como local com potencial para receber investimentos de empresas de Roraima
Amanda Mclean/Rede Amazônica
Empresários brasileiros que atuam em Roraima viajaram em comitiva para a Georgetown, a capital da Guiana, em busca de alternativas para investir no país. Em reuniões com representes do governo guianense e empresários locais, durante quatro dias, de 10 a 14 de outubro, o grupo roraimense discutiu sobre legislação e, principalmente, as condições da estrada que liga Boa Vista a Georgetown.
Para chegar até a Georgetown, a comitiva com 42 pessoas, incluindo 31 empresários de vários ramos de atividades, entre eles da indústria, comércio e serviço, tiveram de encarar 24 horas de viagem de ônibus na estrada pelos 680 km que dividem as duas cidades. A Rede Amazônica acompanhou a comitiva.
Só neste ano, a economia da Guiana deve crescer 48%, a taxa mais rápida do planeta, segundo o Banco Mundial.
Logo no primeiro dia de encontro, realizado com o intuito de aprofundar as relações comerciais entre os dois países, autoridades guianenses demonstraram interesse em receber investimentos e firmar parcerias com os empresários brasileiros. Em uma sala com 10 empresários de Roraima, foi explanado quais seriam as melhores áreas para atuação na Guiana.
Empresários de Roraima durante a missão internacional Brasil – Guiana
Itallo Franco/Sebrae-RR/Divulgação
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Georgetown, Richard Hamburan, o país está apto e tem necessidade em receber negócios de várias áreas.
“O nível de investimento que é preciso para construir a Guiana está em alta demanda no momento. Nós precisamos de investimentos em todos os setores e que certamente vão aumentar nosso crescimento econômico. Quase todos os setores precisam de investimento continuado: agricultura, agroprocessamento, logística, construção, armazéns, turismo, hotelaria, assistência médica, educação. Todos setores privados da Guiana precisam de investimento privado continuado”, disse.
A viagem, chamada de ” Missão Internacional Brasil- Guiana “, foi organizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Roraima (Sebrae- RR).
“Nós trouxemos pra cá pessoal da construção civil, tecnologia, de serviço, de comércio, de diversos setores interagindo com os empresários do mesmo ramo na Guiana e vamos receber empresários da Guiana em Boa Vista, então o Sebrae está cumprindo sua missão da internacionalização dos micros e pequenos negócios, esse é o papel do sebrae também com objetivo de gerar empregos, renda pro estado e também fortalecer essa relação Brasil-Guiana”, disse o diretor Almir Sá.
Reunião de empresários de Roraima em Georgetown, capital da Guiana
Itallo Franco/Sebrae-RR/Divulgação
Ainda na primeira reunião, os empresários que atuam em Roraima apresentaram suas atividades. Após isso, foi aberta a roda de conversa com perguntas aberta e, depois, tiveram reuniões mais fechadas.
O grupo também se reuniu com representantes do departamento de investimento do governo guianense, o Go Invest, onde foram apresentados os benéficos fiscais em investir no país.
Em entrevista à Rede Amazônica, o diretor financeiro do Go Invest, Christian B. Tebogah, o ideal é que brasileiros fechem parcerias com empresas guianenses, mas, se o empresário brasileiro não quiser, ele pode registrar seu negócio no registro comercial ou incorporar uma companhia. Esse processo, segundo ele, demora cerca de uma semana.
“A Guiana é um dos lugares em que o investidor estrangeiro pode comprar sua própria terra. Então, ele pode vir aqui e construir. Quando você está instalando sua empresa, e dependendo do setor que você estará escolhendo, você vai ter flexibilidades e impostos personalizados, como na maioria de máquinas e equipamentos, ou de outros setores”, disse.
Empresária do ramo de construção em Boa Vista, Izabela Amâncio aproveitou para mostrar as obras que constrói no estado reunidas em uma espécie de portfólio.
“Viemos muito bem preparados para a reunião. Trouxemos vários arquivos impressos e traduzidos no idioma deles para eu facilitasse essa comunicação e esse contato também”, disse.
Dono de uma empresa de confecções desde 2005, há 18 anos, o empresário Roberto Kennedy, já exporta uniformes para o país vizinho. Agora, após a viagem, ele pretende ampliar as vendas.
“Temos dois clientes na Guiana e, agora, com essa oportunidade, estamos ampliando. Aqui na Guiana eles estão precisando do fardamento, de roupas profissionais, tanto da construção civil, do comercio, e também de matéria prima”, afirmou.
Roberto conversou com Denise Cockfield Thomas, uma empresária guianense que tem interesse em comprar matéria prima, como tecidos para seu empreendimento.
“Foi interessante também encontrar alguém que atua na área de confecções. Uma das minhas filhas trabalha com design de moda, então, consegui criar uma rede de contatos entre os dois. Acredito que minha visita aqui hoje foi bem-sucedida”, afirmou.
Além dos empresários, a comitiva era composta pelos representantes do Sebrae-RR, Almir Sá (diretor), Emerson Baú (superintendente), Doan Rabelo (diretor técnico) e o senador Chico Rodrigues (DEM-RR).
Em Georgetown, os brasileiros foram recebidos pelos representates do governo da Guiana: Christian B. Tebogah, diretor Financeiro da Go Investe, Ramsay Ali , presidente da Associação de Fabricação e Serviços da Guiana (GMSA), Kestor Hutson, da Câmara de Comércio e Indústria de Georgetown, e David C. Carto, dono de uma fabricante de alimentos e bebidas, a Banks DIH.
Sobre a Guiana
A Republica Cooperativa da Guina tem uma população de 808 mil habitantes. Segundo o Banco Mundial, é um país que cresce exponencialmente o Produto Interno Bruto (PIB) todo ano.
Conforme o Fundo Monetário Internacional (FMI) a projeção de crescimento da Guiana para este ano é de 38%. Em 2022, o crescimento foi de 62,3%; 20,1% em 2021; 43,5% em 2020; 4,7% em 2019; 4,1% em 2018; 2,1% em 2017; 3,4% em 2016; 3,1% em 2015, 3,9% em 2014; e 5,0% em 2013.
Em 2015 foram encontradas vastas reservas de petróleo na costa da Guiana pela empresa ExxonMobil. Até 2027, a Exxon e seus parceiros, a Hess e a chinesa CNOOC, pretendem bombear 1,2 milhão de barris por dia do fundo do mar da Guiana.
Localizada geograficamente entre a Venezuela e o Suriname, e na fronteira com o Brasil, a política há muito tempo é volátil na Guiana, em parte devido à competição entre seus principais grupos étnicos.
Descendentes de escravos africanos compõem cerca de 30% da população. Outros 40% dos guianeses descendem de trabalhadores contratados da Índia. Os povos mestiços e ameríndios compõem em grande parte o restante.
O atual presidente é Irfaan Ali, do Partido Progressista Popular (PPP), ligado principalmente aos indo-guianeses. Ele, que é muçulmano e tem ascendência indiana, assumiu o poder em 2020 após um impasse político de meses depois de uma eleição disputada.
Senador Chico Rodrigues e representantes do Sebrae-RR durante visita à Georgetown, capital da Guiana
Itallo Franco/Sebrae-RR/Divulgação

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