Um avião comercial e um helicóptero militar colidiram no ar na noite desta quarta-feira (29) nos arredores de Washington, D.C., nos Estados Unidos. O jato transportava 64 pessoas, enquanto a aeronave militar contava com a presença de três soldados. Até o momento, foram resgatados 28 corpos. As autoridades acreditam não haver sobreviventes. Mas, afinal, o que causou o acidente?
Segundo o comandante Fabio Borille, especialista em segurança de voo e examinador de pilotos, a provável causa do acidente foi um descumprimento de alguma instrução dada pela torre de controle.
“A aproximação, nesse caso de Washington, se faz por uma pista, e há uma pista auxiliar, onde estava o helicóptero, e você chega a um ponto que abandona o procedimento e segue em condições usuais, mas, em teoria, você está dentro de um perímetro de segurança. É um espaço aéreo controlado, não deveria ter ninguém voando por ali”, disse, em entrevista ao portal iG.
Ele acredita que o acidente ocorreu devido ao helicóptero, primordialmente: “Decolou um avião, como aparece nas filmagens, e dentro disso foi autorizado o helicóptero a cruzar na retaguarda, segundo um áudio. Porém, o piloto não repetiu a informação, como de costume. Creio que podem ter se confundido. Achou que ia passar atrás, pela proximidade”, disse.
Borille levanta ainda a hipótese de que os militares do helicóptero pudessem estar com óculos de visão noturna, com isso, possivelmente, estaria com o campo de visão prejudicado. Mas ele ressalta que as causas efetivas só serão divulgadas após o fim da investigação.
De acordo com o especialista, a possibilidade de uma tentativa de pouso no rio Potomac, perto de onde caiu o avião, é praticamente nula, uma vez que a temperatura negativa na região congelou a água do rio.
Áudios
O áudio do controlador de tráfego aéreo revelou os operadores de controle questionando o helicóptero sobre a localização visual do jato comercial. Um controlador de tráfego aéreo disse: “PAT 2-5, você tem o CRJ à vista?”
O controlador respondeu: “PAT 2-5, passe atrás do CRJ.” Logo após o impacto, o áudio capturou suspiros e reações audíveis vindas da torre de controle, incluindo um alto “oooh”, demonstrando o choque dos operadores ao perceberem o acidente. Em seguida, a torre comunicou outro piloto sobre a colisão:
“Não sei se você percebeu antes o que aconteceu, mas houve uma colisão na extremidade de aproximação do 3-3. Vamos encerrar as operações por tempo indeterminado se você quiser voltar para o portão. É altamente recomendável que vocês coordenem com a empresa. Me avisem o que vocês querem fazer”, diz o controlador, referindo-se à pista 33.
Outro piloto, que testemunhou o acidente, confirmou à torre que havia visto o momento da colisão: “Sim, estávamos na final curta e vimos sinalizadores do lado oposto do Potomac”.
Mais tarde, um controlador de aproximação afirmou: “Aparentemente, ambas as aeronaves envolvidas estão no rio, uma busca e resgate estarão em andamento”.
Colisão
A aeronave, uma Bombardier CRJ700 da American Airlines, utilizada para voos regionais, partiu do Kansas com destino a Washington. A colisão aconteceu quando o avião estava próximo de pousar na pista do aeroporto Ronald Reagan.
O helicóptero, usado pelas Forças Armadas americanas, estava fazendo um voo de treino na hora do acidente, que aconteceu por volta das 21h, pelo horário local — 23h pelo horário de Brasília. As duas aeronaves caíram no rio Potomac.
O acidente levou à suspensão de pousos e decolagens no Aeroporto Ronald Reagan, localizado a apenas 6 km do centro de Washington D.C., onde está situada a Casa Branca.
As investigações já estão em andamento e são conduzidas pela Administração Federal de Aviação (FAA) e pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB), que irão analisar as comunicações entre os pilotos, os dados dos radares e as condições climáticas no momento do impacto para determinar as causas da colisão.
A fabricante do avião, Bombardier, é uma empresa canadense fundada em 1942, inicialmente focada na produção de motos de neve. Ao longo dos anos, expandiu sua atuação para os setores ferroviário e aeroespacial. A linha CRJ (Canadair Regional Jet) foi lançada há mais de 30 anos e já transportou mais de 1,6 bilhão de passageiros. Em 2020, a Bombardier vendeu a divisão CRJ para a Mitsubishi Heavy Industries, que atualmente detém os direitos sobre o modelo.
Já o helicóptero UH-60 Black Hawk é fabricado pela Lockheed Martin, uma das maiores fornecedoras de tecnologia militar do mundo. Esses helicópteros já acumularam mais de 15 milhões de horas de voo, incluindo 5 milhões em missões de combate. O modelo tem capacidade para transportar até 12 soldados equipados e levantar 9.000 libras de carga.
As equipes de resgate continuam as buscas no Rio Potomac, enquanto o NTSB e a FAA seguem analisando as possíveis causas do acidente.