O Ministério das Relações Exteriores convocou o responsável pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil para prestar explicações sobre o tratamento dado aos brasileiros deportados pelo governo americano na semana passada.
Na última sexta-feira (24), 88 pessoas desembarcaram algemadas e acorrentadas no Aeroporto Internacional de Manaus em um avião fretado pelos EUA.
A embaixadora Márcia Loureiro, secretária de Comunidades Brasileiras no Exterior e Assuntos Consulares do Itamaraty, solicitou explicações sobre os maus-tratos relatados durante o voo.
O atual responsável pela missão diplomática americana em Brasília, o encarregado de negócios, Gabriel Escobar, representou a embaixadora Elizabeth Bagley, que deixou o posto recentemente.
Durante a reunião no Itamaraty, Loureiro reiterou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considera “inaceitável” que os brasileiros deportados tenham sido submetidos a humilhações durante a viagem, caso que gerou o primeiro atrito diplomático com o novo presidente dos EUA, Donald Trump.
No entanto, apesar da convocação de Escobar, o governo Lula tem adotado um tom moderado na questão, e o próprio presidente não se manifestou publicamente sobre o episódio, diferentemente de seu colega colombiano, Gustavo Petro.
Essa abordagem mais cautelosa foi refletida nas declarações do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
“Nós tivemos uma reação muito sóbria. Não queremos provocar o governo americano, até porque a deportação está prevista em um tratado que vigora há vários anos entre Brasil e EUA”, afirmou ele durante evento com empresários.