Lula (PT) aproveitou a primeira reunião ministerial de 2025 nesta segunda-feira (20) para dar uma bronca e fazer cobranças em todas as pautas. O presidente chamou atenção para falhas de comunicação e trouxe à tona as eleições de 2026.
Bronca em ministros
Os ministros de Lula se encontraram com o presidente na Granja do Forro para uma reunião de quase sete horas. Esta foi a primeira convocação de 2025 e serviu como boas vindas a Sidônio Palmeiras, que assumiu a Secretaria de Comunicação Social no lugar de Paulo Pimenta. O presidente começou a reunião com uma chamada e aviso: “Daqui para frente, nenhum ministro vai poder fazer portaria que depois crie confusão para nós, sem que essa portaria passe pela Presidência da República, pela Casa Civil”.
A bronca soa como uma crítica velada a Fernando Haddad, ministro da Fazenda, que enfrentou um problema com decisões de mudanças tributárias (veja abaixo). Lula também disse que prezará por uma maior unidade, reforçando a comunicação e entrosamento da equipe governamental.
Problema do Pix
A bronca e novas diretrizes vêm depois de uma polêmica fake news sobre taxação do Pix que gerou a reversão legislativa de decisões do Ministério da Economia. O governo, no entanto, analisa que voltar atrás na decisão foi apenas uma tentativa sem sucesso de reverter danos causados pela situação. A confusão vem em cima de uma decisão do governo publicada em setembro de 2024 que buscava impor a bancos online algumas regras vigentes para bancos tradicionais. A desinformação correu, no entanto, como uma falsa taxação do Pix. Quando o governo começou a força tarefa para desmentir a fake news, ela se espalhará pela internet com difícil contenção. “É importante que a gente tenha centralidade nas decisões e nos anúncios”, coementou Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil, em entrevista após a reunião. “O ministro Sidônio disse que é preciso, nesse mundo de alta velocidade, que a informação organizada chegue primeiro à população, antes de chegar a mentira. Vai impactar muitas pessoas? Então é preciso ser feito um plano de comunicação”. Questionado sobre o clima da reunião, no entanto, o ministro disse que a reunião não foi pesada e tratou de organização do corpo ministerial.
Ações concretas
Lula cobrou resultados concretos dos ministros, e chegou, inclusive, a permitir intermissão direta da Comunicação nas outras pastas. O presidente disse que espera melhoria na entrega de decisões que afetem diariamente o cotidiano social, pois o cidadão precisa saber dos resultados para entender que houve esforços. Lula se mostrou insatisfeito com a visão geral de resultados do próprio governo, e comentou: “A entrega que fizemos para o povo ainda não foi a entrega que nos comprometemos em 2022, porque muita coisa que plantamos ainda não nasceu”.
Eleições de 2026
A reunião, no geral, foi focada em cobrar entregas e um plano de ação para a segunda metade do mandato de Lula. O governo começou a se planejar para a corrida presidencial de 2026. O presidente disse:
“Pelos adversários, a eleição do ano que vem já começou. É só ver o que vocês assistem na internet para vocês perceberem que eles já estão em campanha. Não queremos entregar esse país de volta ao neofascismo, neonazismo e autoritarismo”.
O presidente demonstrou que quer continuar os planos e alianças políticas que tem hoje. O PT tem 10 partidos na Esplanada, mas não há garantias para 2026. O presidente sabe disso e cobrou os ministros:
“Essa é uma tarefa também de vocês no ano de 2025 […] Temos vários partidos políticos, quero que esses partidos continuem juntos, mas estamos chegando ao processo eleitoral e a gente não sabe se os partidos que vocês representam querem continuar trabalhando conosco ou não.”