Sineia Bezerra do Vale atua há mais de 30 anos na defesa de territórios, do meio ambiente e de que os indígenas sejam ouvidos quando se trata de decisões sobe mudanças climáticas. Sineia do Vale, líder indígena do povo Wapichana referência em estudo sobre mudanças climáticas
CIR/Divulgação
Com mais de 30 anos dedicados à defesa dos direitos, da proteção e preservação ambiental, a líder indígena do povo Wapichana, Sineia Bezerra do Vale recebeu o “Troféu Romy – Mulheres do Ano”, honraria concedida a mulheres que se destacaram em suas áreas de atuação em 2023.
A entrega do troféu ocorreu na Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), na capital carioca. Gestora ambiental de formação, Sineia faz mestrado em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais na Universidade de Brasília (UnB) e coordena o Departamento de Gestão Territorial e Ambiental do Conselho Indígena de Roraima (CIR).
Sineia do Vale tem como foco a atuação sobre as mudanças climáticas. Foi dela o primeiro estudo ambiental sobre as transformações do clima ao longo dos anos na vida dos povos tradicionais em Roraima.
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Sob o comando da defensora ambiental, foi publicado o estudo intitulado “Amazad Pana’ Adinham: percepção das comunidades indígenas sobre as mudanças climáticas”, relacionado à região da Serra da Lua, em Roraima. A publicação é considerada referência mundial quando se trata da emergência climática e povos tradicionais.
“É uma honra estar e conquistar espaços em lugares que muitas vezes não é dada a voz às mulheres. Para mim é uma honra estar aqui com essas mulheres guerreiras premiadas, e ofereço o prêmio a todas as mulheres do Brasil, em especial as mulheres indígenas, que estão conquistando nosso espaço de direito nesse país”, disse ela ao receber o troféu.
Além de Sineia, também foram premiadas: a desembargadora Salise Sanchotene, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e conselheira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); a farmacêutica Maria da Penha, ativista da Defesa das Mulheres Contra a Violência de Gênero e caso originário da criação da Lei Maria da Penha; Nair Jane de Castro Lima, presidente da Associação Profissional das Empregadas Domésticas (1973-1977) e ativista da categoria durante a Assembleia Constituinte de 1986; a desembargadora Suely Lopes Magalhães, 2ª vice-presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).
O prêmio “Mulheres do Ano” é promovido pela Emerj, cujo troféu leva o da advogada feminista Romy Medeiros, que atuou em defesa dos direitos da mulheres. Além disso, foi ela quem idealizou, em 1966, a primeira premiação das “Mulheres do Ano”, quando presidia a Conferência Nacional da Mulher Brasileira (CNMB).
Sineia do Vale
Única brasileira a discursar na Cúpula do Clima em 2021, a convite do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Sineia do Vale acompanha há mais de uma década as discussões climáticas no âmbito internacional.
Em sua atuação, Sineia do Vale defende que as decisões dos líderes mundiais passem pela escuta aos povos indígenas, chamados por ela de “doutores em meio ambiente”.
Ano passado, Sineia também recebeu o prêmio “Mulheres que Fazem a Diferença”, concedido pela Embaixada dos e Consulado dos Estados Unidos (EUA) para mulheres que têm causado impacto positivo nas comunidades em que vivem.
O CIR afirma que um dos grandes legados de Sineia é a participação nas Conferências Mundiais sobre Mudanças Climáticas (COP), “espaço em que apresenta os modos tradicionais dos povos indígenas de enfrentamento, assim como a relevante contribuição para o mundo.”
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