As vítimas são Suresh Narine, de 34 anos e Antônio Pinheiro da Silva, de 37, que morreram em julho deste ano. De acordo com a Civil, há uma terceira vítima e a suspeita de uma quarta. Corpos de garimpeiros mortos em conflito são removidos da Terra Yanomami dois meses depois
Os corpos dos garimpeiros Suresh Narine, de 34 anos, natural da Guiana e Antônio Pinheiro da Silva, de 37, que morreram em um conflito armado na região do Parima, dentro da Terra Indígena Yanomami, em julho, foram retirados do território após dois meses. A informação foi divulgada pela Polícia Civil neste domingo (3).
As ações pra a retirada dos corpos ocorreu nos dias 30 e 31 de agosto. As mortes aconteceram no dia 4 de julho, mesmo dia e na mesma região em que uma criança Yanomami foi morta e outros cinco indígenas ficaram feridos durante um conflito entre comunidades indígenas.
Além dos dois garimpeiros mortos removidos para Boa Vista, a Polícia Civil informou que um terceiro homem também foi morto no conflito, mas, o corpo dele ainda não foi encontrado. Há, ainda, a suspeita de uma quarta morte. As investigações continuam.
Imagens da ação divulgadas pela Civil mostram que os corpos estavam enterrados em covas em meio à floresta, com uma cruz sinalizando o local. (Vejo o vídeo acima).
Corpos de dois garimpeiros mortos em confronto são retirados na Terra Yanomami.
Divulgação/Polícia Civil
À época, os familiares das vítimas comunicaram que um grupo de indígenas abordou quatro garimpeiros para roubá-los. Eles teriam atirado contra os garimpeiros e além dos dois mortos, duas pessoas ficaram feridas.
A Polícia Civil informou que a região é distante da sede de Alto Alegre, de difícil acesso, mas que as investigações estão em andamento.
Os indígenas que atacaram os garimpeiros seriam da região de Whaputa, de acordo com os familiares. Eles não souberam informar quem comandou o roubo e nem que itens foram roubados.
A comunidade de Waputha foi a mesma que atacou a comunidade do Parima, ocasião em que houve indígenas feridos e uma criança morta, segundo a Polícia Federal. Ainda não se sabe a motivação do conflito, porém a PF aponta que a área é crítica quanto a atuação de garimpeiros, acusados de aliciar indígenas para extração ilegal de ouro na terra Yanomami.
O corpo de Suresh foi enterrado na Terra Indígena Yanomami, pois ele não possui documentos nacionais, segundo os familiares. Não há informações sobre indígenas feridos.
Mortes na Terra Yanomami
Região do Parima, na Terra Yanomami
Alexandro Pereira/Rede Amazônica/Arquivo
Outras mortes foram registradas na Terra Yanomami desde o início da operação de desintrusão em fevereiro deste ano. Em abril, garimpeiros armados abriram fogo contra a comunidade Uxiu. Três indígenas foram baleados e um deles morreu – ele era o agente de saúde Ilson Xiriana, de 36 anos, que levou um tiro na cabeça.
Depois, em outra região, garimpeiros armados atiraram contra agentes da Polícia Rodoviária Federal e Ibama numa fiscalização em Waikás, no garimpo conhecido como “Ouro Mil”.
Houve troca de tiros, e quatro garimpeiros morreram. Entre eles está o integrante de facção Sandro de Moraes Carvalho, de 29 anos – apontado como um dos chefes de área de garimpo comandada pelo grupo criminoso na Terra Yanomami.
Em maio, foram encontrados oito garimpeiros mortos. Os cadáveres estavam dentro de uma cratera próxima da comunidade Uxiu, onde houve o ataque que resultou na morte do indígena. Eles tinham marcas de tiros. A perícia da PF encontrou uma flecha no local.
Próximo a cratera, o corpo de uma mulher identificada como Jenni Rangel, de 28 anos, foi encontrado com sinais de violência. Ela foi avistada durante sobrevoo de helicóptero da Força Nacional, que acionou a PF.
Maior território indígena do Brasil, a Terra Yanomami, enfrenta uma crise sanitária sem precedentes, causada pela forte presença de garimpeiros – no ano de 2022, a exploração de minérios avançou 54% na região. Esse avanço desenfreado causou doenças, devastação ambiental e conflitos armados, com mortes e violência.
Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.
Corpos de garimpeiros mortos em conflito são removidos da Terra Yanomami dois meses depois
Adicionar aos favoritos o Link permanente.