Ministério acusa garimpeiros e pede que PF investigue ataque que matou e feriu indígenas na Terra Yanomami


Ataque a tiros foi na comunidade Uxiu, onde há forte presença de garimpeiros. Ministra Sônia Guajajara disse que comitiva do governo federal foi enviada a Roraima para reforçar ações contra criminosos. Indígenas são baleados em comunidade Yanomami
O Ministério dos Povos Indígenas pediu, neste domingo (30), que o Ministério da Justiça reforce na Polícia Federal investigação sobre o ataque a tiros que matou um indígena e deixou outros dois feridos na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O órgão acusa garimpeiros pelos crimes.
Yanomami morre com tiro na cabeça e outros dois ficam feridos em ataque à comunidade indígena
Além disso, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse que uma comitiva interministerial do governo federal está caminho de Roraima para reforçar a ações contra garimpeiros da Terra Yanomami, o maior território indígena do Brasil.
“Com muito pesar soubemos do ataque a tiros de garimpeiros contra 3 indígenas Yanomami, 1 veio a óbito e os outros 2 estão sob atendimento em estado Grave. Uma comitiva interministerial está a caminho de Roraima para reforçar ainda mais as ações de desintrusão dos criminosos”, publicou Guajajara no Twitter.
Yanomami ferido a tiros recebe atendimento em Surucucu, na Terra Yanomami
Júnior Hekurari Yanomami/Arquivo pessoal
O ataque à comunidade foi na tarde desse sábado (29), em Uxiu. Ilson Xirixana, de 36 anos, morreu baleado com um tiro na cabeça. Ele chegou a ser levado para Surucucu, onde há uma unidade de referência em saúde, mas não resistiu e morreu na madrugada.
Além dele, outros dois indígenas, de 24 e 31 anos, também foram alvejados. Feridos, eles também foram levados para Surucucu, onde passaram a noite. Nesta manhã, ambos foram removidos para a capital Boa Vista.
“A situação de invasores na TI Yanomami vem de muitos anos e mesmo com todos os esforços sendo realizados pelo Gov. Federal, ainda faltam muitas ações coordenadas até a retirada de todos os invasores do território. Solicitamos reforço do MJ para investigação da PF sobre este caso”, disse Guajajara.
O corpo Ilson Xirixana também foi removido a Boa Vista, onde deve passar por perícia no Instituto Médico Legal de Roraima.
“A equipe de saúde trabalhou muito a noite inteira. Ele teve cinco paradas cardíacas, foi reanimado, mas na madrugada não aguentou e morreu. Os outros dois foram levados para Boa Vista”, detalhou o presidente Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, que acompanhou o resgate das vítimas para Surucucu.
Garimpeiros na Terra Yanomami
Alvo há décadas de garimpeiros ilegais, a Terra Yanomami, maior território indígena do Brasil, enfrentou nos últimos o avanço desenfreado da atividade ilegal no território. Em um ano, a devastação chegou a 54%.
A presença de garimpeiros leva ao território a destruição ambiental, insegurança, causa conflitos armados e impacta, principalmente, na saúde dos indígenas. Atualmente, o território enfrenta uma grave crise sanitária e humanitária devido ao avanço do garimpo ilegal e desassistência do governo federal, com dezenas de indígenas doentes com malária, desnutrição e verminose.
Na tentativa de frear e combater o avanço do garimpo, o governo do presidente Lula (PT) deflagrou operação conjunta contra os invasores. Dentro do território, agentes do Ibama, Funai, Força Nacional e PF atuam com ações de enfrentamento, queimando aeronaves e apreendendo materiais de suporte para a vasta logística de garimpeiros.
Enquanto isso, também são feitos atendimentos de saúde aos indígenas doentes. Esses atendimentos ocorrem dentro do território, com equipes que atuam no polo de Surucucu, no Hospital de Campanha, em Boa Vista, e também nos hospitais públicos infantil e adulto, quando os casos se agravam.

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