Toneladas de salsicha barradas na Venezuela vencem e são descartadas em aterro sanitário


Venezuela parou de comprar mercadorias de empresários brasileiros sem aviso prévio e empresários relatam prejuízos. Toneladas de salsicha barradas na Venezuela vencem e são descartadas em Boa Vista
Cerca de 500 toneladas de salsichas vencidas foram descartadas no aterro sanitário municipal de Boa Vista nesta sexta-feira (16). O produto seria exportado para a Venezuela, mas o governo do país barrou a entrada de alimentos brasileiros, o embutido venceu e teve de ser jogado fora.
A previsão é que sejam descartadas 900 toneladas de salsicha até este sábado (17). Desde cedo, 17 cargas acessaram o aterro. No local, o alimento é jogado e enterrado com ajuda de retroescavadeiras. A prefeitura de Boa Vista, responsável pelo espaço, não autorizou que a imprensa acompanhasse o processo.
Empresários brasileiros afirmam que desde janeiro deste ano a Venezuela tem barrado a exportação de alimentos para o país. Com isso, donos das cargas – algumas já vencidas, tem feito cobranças para que autoridades locais e nacionais tentem resolver o impasse.
Um desses empresários é Allan Oliveira, proprietário da Frios Roraima, do ramo de embutidos. São dele as cargas descartadas no aterro. Pela manhã, funcionários dele distribuíram pacotes de salsicha dentro do prazo de validade para moradores de Boa Vista – uma fila gigante foi formada em busca da doação.
“É um ato pacífico [a doação das salsichas] para chamar a atenção das autoridades brasileiras e venezuelanas para que possam conversar sobre esse mercado esse comércio bilateral com a Venezuela”, disse Allan. Segundo ele, o governo venezuelano não justificou o motivo de barrar as mercadorias. “Foi uma decisão informada para nós somente de forma verbal”, acrescentou.
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Yara Ramalho/g1 e Allan Oliveira/Frios Roraima/Divulgação
O Itamaraty afirma que o “governo brasileiro vem mantendo contatos permanentes, desde fevereiro, com autoridades venezuelanas, nos mais diversos níveis, a respeito da retenção de cargas de caminhões brasileiros na fronteira com aquele país, com o objetivo de liberá-las.”
Como parte das negociações com a Venezuela, o Itamaraty afirma que tem “ressaltado, igualmente, os altos padrões sanitários dos produtos alimentares brasileiros e insistido na liberação imediata da carga.”
O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), também busca solução. Nesta sexta, ele ligou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pediu ajuda para reverter a decisão da Venezuela em barrar produtos exportados por empresários brasileiros.

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