Centro de Referência em Saúde na Terra Yanomami tem ocupação de quase 90% no primeiro dia


Unidade é preparada para atender cerca de 100 pacientes por dia, além de 20 admissões diárias, segundo o Ministério da Saúde. Inauguração ocorreu nesta sexta-feira (21), dia em que completa três meses da emergência sanitária Yanomami. Indígena é atendido na unidade de saúde montada em Surucucu, ma Terra Yanomami
Arquivo pessoal
O Ministério da Saúde inaugurou nesta sexta-feira (21) o Centro de Referência em Saúde Indígena, em Surucucu, na Terra Indígena Yanomami, três meses depois do governo federal declarar situação de emergência em saúde pública para enfrentar a desassistência sanitária no território Yanomami.
A unidade é preparada para realizar atendimentos de urgência, consultas, exames e o tratamento de malária e desnutrição. Já neste primeiro dia, a unidade chegou a ocupação de quase 90%, segundo o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba.
O centro, montado em Surucucu, deve atender cerca de 2,7 mil pessoas distribuídas em 46 comunidade. O espaço é preparado para atender cerca de 100 pacientes por dia, além de 20 admissões diárias. As principais doenças identificada entre os Yanomami são malária, pneumonia e desnutrição.
A unidade é uma estratégia do governo federal para reduzir número de remoções de indígenas doentes da Terra Yanomami para Boa Vista, onde estão localizados hospitais para adultos, crianças e o Hospital de Campanha.
“É a quarta vez que eu venho aqui em Roraima e agora temos uma estrutura que leva dignidade ao povo Yanomami. Já está, inclusive, com quase 90% da capacidade ocupada, o que demonstra que a emergência continua forte, embora a gente tenha conseguido ampliar uma capacidade de emergência no território”, explicou o secretário Tapeba ao g1.
Centro de Referência em Saúde Indígena no território Yanomami fica em Surucucu
Reprodução/Instagram/EDS
Estrutura
A unidade é dividida em ala ambulatorial, sala de acolhimento e triagem, salas de estabilização, consultórios, lactário, farmácia, laboratório e microscopia. A estrutura permanente também conta com refeitório, centro de convivência e redários.
A unidade atenderá a indígenas que vivem região de Surucucu e também os pacientes dos polos Parafuri, Haxiu, Homoxi, Xitei e Waputha. O centro foi uma promessa do presidente Lula (PT) quando visitou Roraima em janeiro deste ano para acompanhar a situação do povo Yanomami.
Centro de Referência em Saúde na Terra Yanomami
Jéssica Gotlib/Ministério da Saúde/Divulgação
A equipe é composta por 30 profissionais entre médicos, técnicos de enfermagem e enfermeiros, nutricionistas e técnicos de nutrição, técnicos de laboratório, farmacêuticos, microscopistas, cozinheiros e serviços gerais.
Os contratos com os profissionais são feitos via Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI-Y), Força Nacional do SUS ou convênios com instituições como Fiotec (Fundação de apoio à Fiocruz), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Expedicionários da Saúde (EDS).
A unidade também reforçará as ações da atenção primária à saúde com consultas e acompanhamento periódico de crianças e pré-natal, por exemplo. Também tem como prioridade garantir a recuperação nutricional para casos de desnutrição grave e moderadas, tratamento de pacientes com malária, trauma e acidente ofídico (picadas de cobras).
Uma das maiores questões para o início do funcionamento do centro, o fornecimento de energia elétrica foi equacionado através de uma solução mista com geradores e placas fotovoltaicas instalados na região, resultado de um trabalho conjunto com o Ministério de Minas e Energia.
Três meses de emergência sanitária
Em três meses da declaração de emergência em saúde pública de importância nacional (Espin), foram realizados 5,3 mil atendimentos a indígenas Yanomami.
Além disso, até o momento, foram acompanhadas 95 crianças com quadro de desnutrição na Casai. dessas, 63 se recuperaram, outras seis seguem em acompanhamento para desnutrição grave e 26 com quadro moderado.
Os atendimentos totais incluem dados daCasa de Apoio à Saúde Indígena (Casai), em Boa Vista, além dos polos-base no território, o Hospital de Campanha das Forças Armadas e o hospital Geral de Boa Vista.
Neste três meses, foram registradas 85 mortes de Yanomami – dessas, 32 foram em hospitais e outras 53 dentro do território.
Além do envio de profissionais para o reforço no atendimento – mais de 500 da Força Nacional do SUS, Unicef, MSF, Fiotec e Opas e 14 profissionais do programa Mais Médicos – o Ministério da Saúde segue enviando insumos para utilização nos atendimentos de urgência: 75,9 mil testes rápidos, sendo 21,7 mil para malária, 38,9 mil antibióticos e mais de 280 mil medicamentos para malária.
A recuperação nutricional das crianças segue como um dos principais focos das ações do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-Yanomami).
Centro de Referência em Saúde Indígena fica em Surucucu, no território Yanomami.
Reprodução/Instagram/EDS
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