Homem morre com tiro acidental enquanto caçava em região de garimpo ilegal na Terra Yanomami


Décio Marques Pereira, de 44 anos, morreu na Região do Rio Uraricoera, na Terra Yanomami. Com ele, Terra Yanomami registra 15 mortes em uma semana. Corpo foi levado para a pista do Jeremias, na Terra Yanomami
Condisi-YY/Divulgação
Um homem identificado como Décio Marques Pereira, de 44 anos, morreu após atirar em si mesmo por acidente com uma arma de fogo. Ele morreu enquanto caçava em uma região de garimpo ilegal, conhecido como Pista do Pau Grosso, na Região do Rio Uraricoera, na Terra Yanomami. A Polícia Civil foi informada da morte nesse domingo (7).
Não houve atritos com indígenas ou com outros garimpeiros, de acordo com a Polícia Civil. O invasor saiu para caçar e, acredita-se que a arma tenha disparado acidentalmente.
O corpo da vítima foi levado até a pista ilegal do garimpo Jeremias e familiares solicitaram da Polícia Civil o apoio para trazê-lo a Boa Vista para que fosse realizada a perícia. Esta é 15ª morte registrada em uma semana na Terra Indígena Yanomami. As outras 14 mortes foram registradas após conflitos armados.
O delegado Francisco Araújo encaminhou ofício por e-mail ao Ministério da Defesa solicitando o apoio logístico para a retirada nesta terça-feira (9). O documento ainda aguarda deferimento.
15 mortes em uma semana
Esta é a 15ª morte registrada em semana violenta na Terra Yanomami. No sábado passado, dia 29, garimpeiros armados abriram fogo contra a comunidade Uxiu. Três indígenas foram baleados e um deles morreu – ele era o agente de saúde Ilson Xiriana, de 36 anos, que levou um tiro na cabeça. Os outros dois estão internados em Boa Vista.
Depois, em outra região, garimpeiros armados atiraram contra agentes da Polícia Rodoviária Federal e Ibama numa fiscalização em Waikás, no garimpo conhecido como “Ouro Mil”. Houve troca de tiros, e quatro garimpeiros morreram – entre eles, o integrante de facção Sandro de Moraes Carvalho, de 29 anos – apontado como um dos chefes de área de garimpo comandada pelo grupo criminoso na Terra Yanomami.
Na segunda-feira (1º), foram encontrados oito garimpeiros mortos. Os cadáveres estavam dentro de uma cratera próxima da comunidade Uxiu, onde houve o ataque que resultou na morte do indígena. Eles tinham marcas de tiros. A perícia da PF encontrou uma flecha no local.
No sábado (6), uma mulher, identificada como Jenni Rangel, de 28 anos, foi encontrada morta com sinais de violência. O corpo dela foi encontrado próximo à cratera.
Maior território indígena do Brasil, a Terra Yanomami, enfrenta uma crise sanitária sem precedentes, causada pela forte presença de garimpeiros – no ano de 2022, a exploração de minérios avançou 54% na região. Esse avanço desenfreado causou doenças, devastação ambiental e conflitos armados, com mortes e violência.
Agora, o governo federal atua na região em duas frentes: com serviços de saúde e na repressão aos garimpeiros que ainda permanecem no território.
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