Casal se apresentou na Delegacia Geral de Homicídios, na manhã desta quarta-feira (23). Alzenir Vitor da Silva, de 45 anos, morreu no dia 2 de agosto, após ser deixada no hospital. Alzenir Vitor da Silva, de 45 anos, morreu em Boa Vista
Reprodução/Facebook/Arquivo
Um homem e a esposa dele, que não tiveram a identidade e nem a idade revelada, suspeitos de serem os responsáveis pelo procedimento de lipoaspiração de Alzenir Vitor da Silva, de 45 anos, que morreu no início deste mês de agosto em Boa Vista, se apresentaram à polícia nesta quarta-feira (23). O casal compareceu espontaneamente na Delegacia Geral de Homicídidos (DGH), que investiga o caso, e vai responder em liberdade.
Alzenir morreu no dia 2 de agosto, após dar entrada desacordada no Hospital Geral de Roraima (HGR) com marcas de lipoaspiração pelo corpo. Ela estava sem roupas quando chegou à unidade e foi levada por um homem não identificado, segundo a Polícia Militar.
O casal se apresentou durante a manhã desta quarta-feira e passou por interrogatório. Durante o depoimento, o homem se apresentou como médico e entregou um diploma em medicina da Venezuela. O documento deve ser analisado para saber se ele tem validação no Brasil.
Ao g1, o delegado Lurene Avelino, responsável pelo caso, disse que os dois já haviam sido identificados. Os policiais realizaram investigações para localizar e prender os envolvidos em flagrante, mas receberam informações de que os suspeitos teriam fugido para a cidade de Santa Elena de Uairén, na Venezuela.
“Nós continuamos em diligência por quase três dias estendendo o flagrante, que é quando a polícia continua em perseguição, o flagrante ainda pode acontecer. Mas, nós encerramos com três dias as buscas, a perseguição, e começamos a investigar, ouvimos testemunhas, começamos a colher elementos de convicção para que a gente pudesse chegar na elucidação desse caso na última semana”, explicou o delegado.
“A delegacia foi procurada por advogados que queriam apresentar o casal, o homem e a mulher, que foram esse que nós não conseguimos localizar e que estariam na Venezuela, para se apresentar espontaneamente”, completou.
O delegado explicou ainda que, como eles se apresentaram espontaneamente e não estar mais em período de flagrante, o casal vai responder em liberdade. A Polícia Civil deve ouvir testemunhas e outras pessoas envolvidas no caso.
Entenda o caso
A morte da mulher foi atestada por uma médica de plantonista do HGR, às 23h38. À PM, a médica disse que a paciente estava com marcações pelo corpo que indicavam “local para realização de procedimento cirúrgico como lipoaspiração” e que essas marcas se pareciam com “entradas de tiros”.
Depois da morte da vítima, uma massagista amiga dela, de 29 anos, esteve no hospital e contou aos policiais da unidade que Alzenir havia dito alguns dias antes que iria fazer uma lipoaspiração, mas que não contaria para ninguém da família.
O procedimento, segundo a amiga, ocorreria na noite dessa quarta, em um casa simples que não aparentava ser uma clínica, no bairro Caimbé, zona Oeste de Boa Vista. A PM foi até o local e encontrou materiais cirúrgicos, como bisturi, bata cirúrgica (entenda mais abaixo).
PM encontrou várias cintas na casa onde amiga disse que mulher faria lipoaspiração
Arquivo pessoal
Um dia após a morte da mulher, o Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM-RR) esteve na casa em que Alzenir Vitor fez o procedimento antes de morrer e no local encontrou indícios de “exercício ilegal da medicina”.
A equipe do CRM afirmou que o procedimento em Alzenir foi feito “possivelmente realizado por profissional não-médico”.
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Procedimento em ‘casa simples’
Dois soldados da PM que ficam no HGR relataram que Alzenir foi levada ao hospital por um homem que estava bastante nervoso. Na unidade, ele solicitou uma cadeira de rodas para retirá-la do carro. Em seguida, foi até a recepção e passou os dados dela. O homem disse ainda que fazia massagem em Alzenir quando ela passou mal e pediu um copo d’água – depois desse relato, ele deixou o hospital.
Um tempo depois, a massagista amiga de Alzenir chegou no HGR em busca de informações. Ela contou aos policiais que a paciente havia dito que faria uma lipoaspiração, pediu o apoio dela naquela no pós-operatório e repassou o endereço de onde seria o procedimento.
A amiga, ainda segundo a PM, foi até local “e quando chegou percebeu se tratar de uma casa simples não aparentando se tratar de uma clínica.”
Local em que foi feito o procedimento
Yara Ramalho/g1 RR
Ela entrou no imóvel e soube que Alzenir já se estava em procedimento cirúrgico numa sala anexa à casa. Depois, ela viu quando três pessoas – um suposto médico e duas mulheres assistentes, que faziam a cirurgia saíram de dentro da casa com a amiga desmaiada e dizendo que iriam levá-la ao hospital.
A PM foi até a casa indicada. No imóvel, foram recebidos por um casal, um homem de 27 anos e uma mulher, de 29. A mulher disse que a residência pertencia à sogra, que é esteticista, mas que ela havia saído.
Ainda segundo a mulher, a sogra eventualmente alugava o espaço e equipamento para outras pessoas. A PM entrou numa sala anexa e encontrou “equipamentos estéticos, materiais cirúrgicos, como bisturi, bata cirúrgica.”
A perícia foi acionada e foi identificado que o espaço havia sido limpado recentemente. Além disso, foram encontrados exames e roupa de Alzenir. A casa possui sistema de câmeras, mas a PM não encontrou nenhum aparelho.
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