Em seis meses, operações contra garimpo ilegal prendem 218 pessoas e destroem 34 aeronaves na Terra Indígena Yanomami


No total, há três operações de combate a atividade: das Forças Armadas, Ibama e Polícia Federal. PF espera desembarque de 13 garimpeiros presos presos na Terra Yanomami, em Boa Vista
Yara Ramalho/g1 RR/Arquivo
As operações contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami prenderam 218 pessoas e destruíram 34 aeronaves em seis meses de atuação intensa contra os invasores no território. Entre as ações de repressão está a Operação Libertação da Polícia Federal, que completa seis meses nesta quinta-feira (10).
No total, há três operações de combate a atividade. Além da Operação Ágata das Forças Armadas e Libertação da PF, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também deflagrou uma operação em fevereiro deste ano.
Apreensões e destruições
Os dados de prisão são das operações das Forças Armadas e da Polícia Federal. A Operação Ágata prendeu 131 garimpeiros, enquanto que a Libertação prendeu 87 invasores. Destas, 78 prisões foram em flagrante, 5 preventivas e 4 temporárias, segundo a PF.
Além das prisões, a PF destruiu 9 aeronaves, já o Ibama destruiu 25. Referente as apreensões de minério, a PF apreendeu 1.683 gramas de ouro e 26.276 quilogramas de cassiterita e o Ibama 806g de ouro e 36.072g de cassiterita (veja os dados acima).
As três ações são do governo federal e, embora iniciadas em datas diferentes, são executadas em conjunto por meio de força-tarefa entre os órgãos de segurança. As Forças Armadas estimam que em seis meses de ações repressivas o impacto financeiro foi de R$ 44 milhões.
Além disso, também foram apreendidos geradores de energia, equipamentos como maquinários para extração de minérios, motosserra, mercúrio, modens de internet via satélite, celulares, além de armas.
Todas as operações de segurança ocorrem desde que o governo federal declarou situação de emergência para combater desassistência de indígenas Yanomami – impactados pelo garimpo ilegal, eles enfrentavam graves casos de malária, desnutrição e verminoses.
Além da retirada de garimpeiros e destruição da logística usada por eles, a gestão de Lula (PT) também atua em outras duas frentes: atendimento de saúde às comunidades no território, envio de alimentos às regiões impactadas pelo avanço do garimpo ilegal.
Esta atuação – de saúde e segurança, no entanto, foi criticada por organizações indígenas que representam o povo Yanomami.
Lançado este mês, o relatório “Yamakɨ nɨ ohotaɨ xoa! – Nós estamos sofrendo ainda: um balanço dos primeiros meses da emergência”, mencionou que o trabalho do governo federal em prol do povo Yanomami, tem avançado, mas ainda não é suficiente para garantir a segurança aos indígenas.
“Na nossa análise, a principal crítica à estratégia adotada pelo governo para a realização das operações não é a flexibilização do controle aéreo, ou a ação reduzida nas BAPES, e sim a ausência de uma coordenação 37 , que além de garantir um maior diálogo com as organizações indígenas e as comunidades, pudesse articular ações de comando e controle, com ações de ajuda humanitária e de atenção à saúde”, pontua o documento.
Por conta das fragilidades das ações, pesquisadores e lideranças responsáveis pelo levantamento listaram o que o governo federal pode fazer para melhorar a resposta no atendimento aos Yanomami (confira aqui).
Em resposta às indicações, a Secretaria de Comunicação Social da presidência disse que o governo tem atuado “desde o início da gestão, por meio dos órgãos de segurança e defesa, indígenas e da saúde, no enfrentamento à emergência, diferentemente do que ocorria nos anos anteriores.”
Terra Yanomami
Maior território indígena do Brasil, a Terra Indígena Yanomami enfrenta uma crise sanitária e humanitária sem precedentes, com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa – problemas agravados pelo avanço de garimpos ilegais nos últimos quatro anos.
A invasão do garimpo predatório, além de impactar no aumento de doenças no território, causa violência, conflitos armados e devasta o meio ambiente – com o aumento do desmatamento, poluição de rios devido ao uso do mercúrio, e prejuízos para a caça e a pesca, impactando nos recursos naturais essenciais à sobrevivência dos indígenas na floresta.
Desde o dia 20 de janeiro, a Terra Yanomami está em emergência de saúde pública. Desde então, o governo federal atua para frear a crise com envio de profissionais de saúde, cestas básicas e desintrusão de garimpeiros do território – este último tem como linha de frente o Ibama, Polícia Federal, Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
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