Mulher tem prejuízo de quase R$ 20 mil em consórcio de casa e acusa empresa de golpe em Boa Vista


Vítima assinou contrato e deu entrada na esperança de ser contemplada em consórcio de casa, mas dois anos depois não conseguiu o imóvel, nem rescindir o contrato ou reaver o dinheiro investido. 1º Distrito Policia em Boa Vista, Roraima, 1º DP, 1 DP
Secom/Dvulgação
Uma mulher, de 49 anos, acusa de golpe uma empresa de consórcio de imóveis e veículos após perder R$ 19.360 que seria para realizar o sonho da casa própria, em Boa Vista. A vítima registrou um boletim de ocorrência por estelionato no 1º Distrito Policial e reclamação no Procon Municipal.
Ela, que trabalha como cozinheira e ganha R$ 1,5 mil por mês, conta que tudo começou quando viu um anúncio da empresa “Águia Consórcios” numa rede social e decidiu procurá-los. A mulher pediu para não ser identificada na reportagem por medo de represálias.
Depois de conversar, no dia 5 de fevereiro de 2021 ela assinou o contrato que previa uma carta de crédito no valor de R$ 200 mil – mas, para isso, precisou pagara a entrada de R$ 19.360. Segundo ela, a a empresa deu a garantia de que até novembro daquele mesmo ano ela seria contemplada, o que não ocorreu até agora. Além disso, a vítima disse que sentiu confiança porque a empresa disse que havia convênio com a Caixa Econômica Federal.
A partir daí, os meses se passaram, ela suspeitou que havia caído em um golpe e decidiu encerrar o contrato. No entanto, não conseguiu a anulação, não teve o dinheiro de volta e diz que a empresa sumiu.
“Encontrei essa imobiliária pela rede social. Como é o sonho de todo cidadão ter o seu lar, sua casa própria, fui em busca. Então fiz um contrato de uma casa, de um imóvel. Eles me deram um crédito de uma carta no valor de R$ 200 mil, sendo que eu queria uma casa valor de 150 mil. Ele [gerente da empresa] disse ‘olha, você tem o valor que você quiser, então para uma casa no valor que você quer seria R$ 20 mil. Então, eu dei entrada no valor de R$19.360”, conta.
Procurado, o Procon Municipal informou que este anos recebeu sete recebeu denúncias sobre a empresa Águia Consórcios. As reclamações são avaliadas pelo setor de fiscalização.
“O processo contra essa empresa está em trâmite e será enviado documento ao MPRR [Ministério Público de Roraima]. O Procon Municipal alerta aos consumidores que não se deixem levar por ilusões e promessas de cotas contempladas em consórcios, para evitar que esse tipo de situação ocorra e os prejudique, por ser um caso difícil de reverter de imediato”, orienta.
A Polícia Civil também foi procurada sobre o assunto, mas não enviou resposta até a última atualização da reportagem.
O gerente da empresa que mantinha contato com a vítima foi procurado pelo g1, mas não atendeu as ligações, nem recebeu as mensagens enviadas. A reportagem também solicitou posicionamento via e-mail, mas não obteve resposta.
A Caixa Econômica Federal informou que não tem relação com a empresa citada. “Nem pelo nome nem pelo CNPJ encontramos essa empresa em nossa base de parceiros. Portanto, não temos qualquer relação comercial com essa empresa.”
‘Uma década para conseguir o dinheiro’
O consórcio que participaria, segundo a mulher, ocorreria por meio de lances embutidos, onde se utiliza um percentual da carta de crédito para dar o lance no imóvel pretendido – assim, o cliente não precisa necessariamente ter o valor completo para conseguir dar o lance.
O objetivo desse método é que os participantes sejam contemplados rapidamente, o que não aconteceu com a vítima.
A mulher relatou ainda que a empresa a informou que o sorteio do consórcio aconteceria sempre no dia 17 de todo mês, mas em nenhum momento ela foi chamada, nem recebeu nenhuma prova de que outras pessoas foram beneficiadas.
Cerca de um ano depois de assinar o contrato, ela foi até a empresa para cancelar e foi informada que a devolução também seria feita por meio de lances.
“No decorrer de muito tempo, de mais de um ano eu fui pra cancelar o contrato. São 30% que eles cobram por quebra de contrato. Eu tive que viajar para resolver problemas pessoais. Quando eu retornei, fui lá na empresa novamente para saber como é que estava o processo e tinha outro gerente”, conta, acrescentando que este novo gerente a convenceu a continuar no sonho da casa própria.
Passados dois anos, sem ser contemplada, ela tentou pela segunda vez reaver os quase R$ 20 mil investidos.
“Fui na empresa para cancelar. Porque já tinha passado meses, e nada de uma resposta. Eu mandava mensagem para eles e não me respondiam. Eu ligava e não me atendiam. Retornei na empresa e quando cheguei lá no escritório era outra empresa que estava [que não tinha relação com a Águia Consórcios]”, conta.
A vítima relatou que entre as despesas de água, luz e aluguel, passou cerca de três anos juntando dinheiro para investir na casa própria, mas agora, se vê sem esperança.
“Todo ser humano tem aquele sonho de ter sua casa própria, trabalha uma década para conseguir um dinheiro, para conquistar o seu imóvel e de repente ver o seu sonho todo sendo jogado na correnteza de um esgoto, não é nem numa correnteza de um rio, isso é uma correnteza de esgoto” disse.
Quando a vítima assinou o contrato, a empresa funcionava no Centro de Boa Vista. Na Receita Federal, a Águia Consórcios está cadastrada em um endereço de Recife, no Pernambuco.

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